Crescer e mudar
Plena, a cozinhar frango com todos, evitando pôr o grão de bico que estava no frigorífico ao lixo, e desabafando sobre coisas que mudam quando crescemos.
Uma das coisas que me tem dado mais prazer nos últimos meses - uma descoberta da quarentena - é escrever num bullet journal. Costumava ficar espantada quando via pessoas da minha idade a usar papel e caneta (houve uma altura em que nem canetas tinha, e dizia-o a despropósito, como certas pessoas dizem que não têm televisão), mas agora que me juntei ao grupo não só compreendo, como até gostava de evangelizar. Escrever num bullet journal é como plantar um jardim; plantas de diferentes frutos, cores e tamanhos pululam num jardim, assim como nas páginas de um bullet journal; diários, receitas, listas de livros, nomes de plantas, finanças, planos de viagens; it keeps on giving. Olho para o meu caderno como um tesouro; parece que desenhar, pintar, fazer listas e tabelas, etc., tudo isso desperta uma sensação qualquer infantil que estava guardada dentro de mim mim, é o meu arts & crafts, estimula a minha imaginação. É a minha forma adulta de brincar.
Crescer tem-me aberto os olhos para uma série de coisas, e uma delas é a de que há determinado tipo de atividades cujo maior retorno de prazer possível ao concretiza-las se dá quando as realizamos no seu estado mais puro; escrever num diário físico, fotografar com o propósito de imprimir, ver um filme no cinema, ler um livro em papel, etc. Tentaram melhorar estas ‘experiências’ e tornar mais fácil e acessível o seu consumo, mas só quando regressamos ao seu estado original percebemos por que é que antes nos sentíamos meio vazios quando tentávamos mexer nas suas versões 2.0.
E por falar em crescer, fiz anos. Passei o meu aniversário em Miramar, com os meus pais e o meu namorado. Era Sábado em estado de emergência, pelo que às 13.00h tivemos de ir para casa (será estranho ler isto daqui a dez anos?). Não me lembro bem, mas acho que passámos parte da manhã no IKEA a comprar prateleiras para livros e à noite jantámos peru assado, que a minha mãe cozinhou. Abrimos uma garrafa de champagne que comprámos em Paris no ano passado (#eusourica) - uma feliz coincidência -, do qual até eu gostei, e acompanhámos com bolo brigadeiro. Soprei as velas. O meu pai arrastou-se para fazer um pequeno mas muito bonito discurso. Foi o meu aniversário preferido dos últimos anos.
Dias antes, escrevi uma lista com 29 coisas que gostava de concretizar ao longo do próximo ano. Ei-la:
O post desta semana é sobre os números 12 e 13. Cá em casa pedia-se UberEats duas ou três vezes por semana até há pouco tempo; aquele UberEats da vergonha, para o qual olhamos no final, já depois da refeição, e pensamos que teríamos comido melhor se tivéssemos cozinhado em casa. À custa do bullet journalling (😚) percebi que estava a gastar ~200€ euros por mês com esta brincadeira, que prefiro canalizar para a compra de ingredientes de melhor qualidade - o que, na receita de hoje, se traduziu em frango do campo (de um talho ao pé de minha casa que só vende carne nacional) e uma tagliatelle do el corte inglês cuja marca já me esqueci, mas cujo pacote parecia dizer: sou superior. E, por fim, gostava de passar a ir menos vezes ao supermercado e de me tornar mais criativa com os ingredientes que tenho em casa - poupando dinheiro, evitando desperdícios e sendo amiguinha do ambiente. Não me relaciono muito com o discurso público acerca das alterações climáticas, porque a maior parte das coisas que leio me parece hipócrita e ignorante (ignorante também sou, hipócrita é que tento não ser); também acho que não é o fim das palhinhas que vai mexer com o ponteiro - já agora, nunca usei palhinhas, porque não gosto; é simples -; mas, no que me diz respeito, se puder produzir menos lixo sem que isso afete a minha qualidade de vida, produzo; se puder poupar a carteira, e ao mesmo tempo ajudar pequenos negociantes, comendo ovos caseiros em vez dos ovos de aviário, estou lá três vezes. E por aí além. Sem fundamentalismos, e quando vou ao festival de música bebo em copo de plástico, que ponho ao lixo à saída.
Frango estufado com massa e grão (serve 2 pessoas)
Ingredientes
2 cebolas
4 dentes de alho
1 folha de louro
10 rodelas de chouriço (uso chouriço de Seia)
1 cenoura
3 tomates maduros (pequenos)
6 coxas de frango
250g de massa tagliatelle
1 lata de grão de bico (das pequenas)
1 malagueta, sal, salsa picada
Uns borrifos de vinho branco
Passo a passo
Numa panela larga, refogar as cebolas, os alhos picados, a cenoura cortada em rodelas finas, o chouriço e a folha de louro num fio de azeite. Deixar alourar;
Acrescentar os tomates cortados em cubos, o vinho branco e uma malagueta. Quando a mistura estiver a borbulhar, adicionar ~2 copos de água quente e sal qb;
Adicionar as coxas de frango (tinha-as temperado apenas com sal). Deixar cozinhar durante ~20 minutos em lume brando.
Juntar um pouco de água fervida ao cozinhado e, por fim, a tagliatelle; acertar o sal. Envolver, subir o lume e ir prestando atenção, mexendo o conteúdo da panela de vez em quando.
Quando restarem 2 minutos para a massa estar pronta (eu costumo cozinhar ~9minutos no total), adicionar o grão de bico e a salsa picada. Desligar o lume e voilà!
Sneak peak do próximo post: plantas 🌱 🌿🍃
Até lá :)